Um leão por dia

Frequentemente ouvimos pessoas dizendo que mata um leão por dia, numa expressão de vivenciar dificuldades e precisar vencê-las. Para matar um leão é necessário, no mínimo, uma força especial. O animal, visto como o rei dos animais, é um poderoso caçador que domina e defende o seu território bravamente.

Em Provérbios 22.13 está escrito – O preguiçoso diz: “Há um leão lá fora!” “Serei morto na rua!” e em Prov. 26,13 acrescenta – O preguiçoso diz: “Lá está um leão no caminho, um leão feroz rugindo nas ruas!”. Provérbios adverte que o preguiçoso usa a desculpa do leão para não sair de casa, para não trabalhar. De fato, é uma desculpa bem grande, considerando a imponência e força de um leão. Haveria de ter muita coragem para enfrenta-lo.

Juízes 14.5-9Em Juízes 14. 5-9, há uma história curiosa acerca de um enfrentamento com um leão. Sansão estava à procura de uma mulher para ser sua e se encantou com uma estrangeira. Em uma das ocasiões que caminhava para a Cidade onde estava sua escolhida encontrou-se com um forte leão que vinha rugindo na sua direção. Sansão tinha um poder dado por Deus e pelo Espírito do Senhor enfrentou o leão e o rasgou ao meio.

Algum tempo depois, Sansão passava pelo mesmo caminho e num ato de curiosidade foi olhar o cadáver do leão e no cadáver havia mel. Sansão se alimentou e repartiu com seus pais o mel encontrado daquele que fora um perigo outrora.

Pensando nesta história, na do preguiçoso e nas dificuldades que precisamos superar ao longo da vida me vem algumas perguntas acerca de nós mesmos e da forma que reagimos com os nossos leões.

1. Quem é o leão que nos aparece?

Sansão estava à procura de sua companheira e embora fosse uma estrangeira o que não agradava seus pais, era da vontade de Deus para punir os filisteus. No entanto, no caminho deparou-se com o leão.

Deparamos com leões quando decidimos algo. Leões vêm ao nosso encontro quando saímos da nossa zona de conforto, quando abandonamos a inércia, a preguiça e o ócio. Leões rugem. Leões atemorizam. Leões querem nos devorar.

A Bíblia em I Pedro 5.8 que o diabo, anda ao nosso derredor, como um leão, rugindo e procurando alguém para devorar! Essa figura denota o quanto o nosso Inimigo se acha dono do território por onde passamos – de fato, o mundo jaz sob o poder do maligno (I João 5.19). Assim sendo, andamos por esse mundo, temos nossos objetivos, nossos sonhos e anseios, e encontramos muitos leões, ouvimos o seu rugido e em muitas ocasiões precisamos encará-los.

Talvez tenhamos retrocedido. O medo nos apavora. E como o preguiçoso afirmamos: um leão está lá fora! Pegamos os sonhos, as oportunidades e os desejos e engavetamos. Continuamos no mesmo degrau, estagnados e desencorajados de vencer tal situação. Leia mais o medo e como enfrentá-lo no artigo “Vencendo o medo para viver novas aventuras“.

2. O que fazer com o leão?

Essa parece mais uma pergunta sem sentido, visto que será preciso mata-lo. Mas, em nome da “paz” fazemos amizade com o leão e nos deixamos ser devorados por ele. O leão não está interessado no nosso sonho ou conquista, ele quer a nossa vida, o nosso fôlego, a nossa dignidade, a nossa lealdade.

Fazemos concessões, pactos e tratos. Nos tornamos presas submissas e cumplices de um leão feroz, sem escrúpulos e esfomeado.

Em I Pd 5.9 está escrito que precisamos resistir. Correr, se esconder ou qualquer outra estratégia de fuga ou de pacto não nos fará vitoriosos. Resistir é encarar de frente, na fé e certeza de que não é na nossa força que o venceremos, mas o Espírito de Deus se apossará de nós e o rasgaremos ao meio! Na reflexão “Fuga ou Fé” falamos que é preciso enfrentar e vencer o inimigo, sem importar o tamanho ou força que ele tenha.

Sansão, humanamente falando, não teria chances de sobrevivência. Mas, ele não retrocedeu, não se escondeu. Resistiu e foi tomado pelo Espirito de força e resiliência.

Não somos super-heróis, não conseguiremos por nós mesmos, mas resistir é o primeiro passo de fé e demonstração da força de Deus sobre nós! Ele virá e nós triunfaremos!

3. Tirando mel do cadáver do leão

É muito interessante o fato de Sansão ter procurado saber o que restou da fera. E, para sua surpresa havia alimento onde um dia foi uma possibilidade de morte. Sansão, agora afastava as abelhas e buscava o mel, levando também para sua família.

Não gostamos de relembrar dificuldades. Enterramos nossas experiências de forma a não mais lembrar, no entanto, na carcaça de um leão pode haver mel. O que restou da fera vencida pode acomodar alimentos para nós e para nossos queridos.

O que foi feito do último leão que matamos? Quiçá encontraremos mel em seu cadáver! Parece uma história mórbida, mas é um válido ensinamento para nossos dias. No Salmo 90.12 está escrito: “Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria”! E em Lam. de Jeremias 3.21 diz: “Lembro-me do que pode me dar esperança”! Esquecemos fácil dos leões ultrapassados, mas eles são histórias de superação que nos animam e nos fazem acreditar que os que vierem também serão vencidos, pois “graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se a cada manhã; grande é a sua fidelidade” (Lamentações 3.22,23).

Concluindo

Sansão venceu a um leão, mas caiu na cilada da mulher que amava! Seu fim não foi o dos melhores. Foi objeto de zombaria para um povo e um trunfo usado pelos Inimigos. Precisamos da força de Deus para vencer o leão, o urso e o que vier, e precisamos de sabedoria e discernimento para não sermos vencidos pelas astúcias malignas daqueles sonhos que são mais importantes para nós, do que a nossa própria vida.

Se tivermos a força de Deus, bom senso e domínio próprio, poderemos andar mais do que Sansão. Não seremos parados pelos leões, mas também não cederemos a barganhas e chantagens emocionais. Saberemos assim, desfrutar do mel sem expor o nosso íntimo. Haverá sempre inimigos, tocaias, leões, abelhas e tantas outras dificuldades no nosso caminho. Que o Espírito de Deus nos dê a força necessária para enfrentar os animais ferozes e nos encha de sabedoria para não ceder as astúcias e sofismas que se armam para nos derrotar.

Enfim, assim como Isaías profetizava acerca do Messias em Is. 11.2, que repouse sobre nós o Espírito que dá sabedoria e entendimento, o Espírito que traz conselho e poder, o Espírito que dá conhecimento e temor do Senhor.

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