Pálido ponto azul – O universo e a fragilidade da existência humana

Em uma das fotos, enviadas pela Nasa, a terra aparece como um pontinho azul, descrito pelo cientista Carl Sagan como: “Pálido ponto azul”, suas reflexões se tornaram livro e filme.

A imagem chama a atenção pelo fato de parecer, praticamente, nada, em um Universo tão grande. Parece algo despercebido sem muito valor. terra - palido ponto azul A foto foi tirada de uma distância de 6,4 bilhões de km e através dela é impossível visualizar as belezas naturais: florestas, rios, cachoeiras, oceanos, montanhas… e também ofusca as tragédias, os acidentes e as incompreensões humanas.

A terra guarda segredos, guerras, filosofias diversas, religiões, ideologias, confusão, desordem e o grande causador disso tudo: o homem.

A fragilidade humana

O homem destrói a natureza, polui o meio ambiente, ambiciona o poder, destrata os seus semelhantes e se julga deus. De si e para os outros. Vê-se com todos os direitos declarados pela ONU e por outros tantos mais, nem que para isso sugue os mais frágeis, pise nos que julga menores e atropele quem ousar atravessar-lhe o caminho.

E, ao menor, furor da natureza, seja pela seca ou pela chuva torrencial, culpa o Ser Superior e ressalta: se é que Ele existe!
O ser finito, reside temporariamente num pontinho azul pálido. Sua concepção, desenvolvimento e nascimento continua sendo um milagre. Seu tempo de vida não lhe pertence e num sopro pode se acabar sua existência:

O homem nascido de mulher vive pouco tempo e passa por muitas dificuldades. Brota como a flor e murcha. Vai-se como a sombra passageira; não dura muito. Jó 14:1,2

A vida do homem é semelhante à relva; ele floresce como a flor do campo, que se vai quando sopra o vento e nem se sabe mais o lugar que ocupava. Salmos 103:15,16

Quando Jó se lamentava acerca de seu sofrimento, Deus lhe pergunta:

“Onde você estava quando lancei os alicerces da terra? Responda-me, se é que você sabe tanto.

Quem marcou os limites das suas dimensões? Vai ver que você sabe! E quem estendeu sobre ela a linha de medir? E as suas bases, sobre o que foram postas? E quem colocou sua pedra de esquina, enquanto as estrelas matutinas juntas cantavam e todos os anjos se regozijavam? Jó 38:4-7

Muitas outras perguntas foram ditas por Deus a Jó e ele fica sem respostas! Facilmente poderia dizer como Davi, no Salmo 8.4: “Que é o homem, para que com ele te importes?

O privilégio de existir

Ainda hoje, visualizando mais uma vez a imagem do ponto pálido azul, faço coro com Davi: “Quem sou eu para que te lembres de mim?” É certo que acredito que “Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu.” Ecl. 3:1! E continuo crendo que “Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado” Jó 42:2. Os meus dias passarão, os meus planos também (escrevi  uma reflexão sobre o efeito do tempo). Eu me cansarei e talvez não deseje lutar por ideais que me sejam muito custosos… Mas, eu também um dia não serei mais. Se aos olhos da Nave Voyager 1, a terra onde habito e que pouco conheço não passa de algo pálido minúsculo, não ouso mensurar o que sou e o que faço eu nesse mundo tão pequeno, frágil e passageiro.

Essa descoberta da extrema fragilidade que envolve a minha existência me desnuda e enfraquece minha ambição, diminui meu descontentamento e traz-me um enorme sentimento de gratidão pelo simples privilégio de existir. E ainda: diminui a ansiedade com relação ao amanhã e me põe em pé de igualdade com os meus semelhantes, independente da “posição” que outros ocupem.

Entender-se como a relva que cresce e desaparece é bom: iguala-se os homens e mulheres, pretos, pardos, amarelos ou brancos, e nos coloca sob o poder do Grande Criador que nos mantém enquanto o mundo gira, as estações mudam, independente e apesar de nós.

No lugar certo

Temos um minúsculo espaço para crescer, florescer e morrer. É o ciclo. E o que passar disso é canseira e enfado (Sl. 90.10).
E, o que nos resta é nos apropriar do jardim enquanto vivemos nele, mantermos limpo e organizado, ser grato pela oportunidade de viver e aprender a contar nossos dias afim de que nosso coração alcance sabedoria (Sl. 90.12). Deixando o orgulho, a soberba, a ambição, o individualismo e lembrando sempre que o planeta que vivemos é apenas um pontinho azul pálido e longínquo, girando em torno do sol, suspenso na gravidade e repleto do amor e da misericórdia do Criador e Grande Deus, que o colocou exatamente onde deveria e através do qual permite a sobrevivência de meros humanos como eu. Como você.

26-12-2017 © Lidia Loback

Reflexão do cientista e astrônomo Carl Sagan, sobre a fotografia feita em 14 de fevereiro de 1990 pelo Voyager 1, narrada pelo incrível dublador Guilherme Briggs, no programa NERDCAST 323 — MARTE, CURIOSITY E A FRONTEIRA FINAL . Do dia 10 de agosto de 2012.

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