Exploração do trabalho: Jacó e Labão

Texto base: Gênesis 29 a 31.

Introdução

Ao ler, mais uma vez a história que relata o relacionamento de Jacó e Labão uma situação fica evidente: a exploração do trabalho.

Ouvi muitas pregações sobre Jacó, sobre seu caráter malformado, sobre o engano e prejuízos que trouxe a seu irmão gêmeo. Ouvi poucas pregações sobre Labão, sobre sua capacidade de exploração do trabalho e sobre sua ganância. Mas, nesta manhã lendo mais uma vez esta história, fui confrontada com a Palavra, com a misericórdia de Deus sobre a vida de Jacó, sobre a Bondade do Pai e o Seu cuidado em tempos de aflição. Jacó teve muitos ganhos naquela terra, especialmente suas mulheres e seus filhos, mas também sofreu como um escravo e vivia sob o autoritarismo e desrespeito de Labão, primeiramente seu tio, e depois seu sogro duas vezes.

1. Jacó um fugitivo – Labão um aproveitador

Jacó chegara naquela terra sem lenço e sem documento. Jacó fugia de Esaú, seu irmão, ao roubar-lhe a bênção do seu pai Isaque. Jacó foi acolhido por Labão, que aparentemente o viu como alguém que podia colaborar no trabalho de forma escrava. E, Jacó não tinha muitas alternativas, rendeu-se a Labão, de olho em sua prima Raquel.

Jacó se apaixonou por Raquel e estava disposto a trabalhar durante sete anos para tê-la, mas ao final do tempo, Labão lhe entregou a filha mais velha, Lia. E, Jacó então trabalhou mais sete anos por Raquel.

Jacó, ainda no versículo 25 do capítulo 30, disse a Labão: deixe-me voltar a minha terra. Mas Labão quis negociar, pois viu que através de Jacó havia se tornado rico. Então, Jacó permanecia com Labão.

Por 10 vezes Labão mudou o salário de Jacó, afim de o prejudicar. E a estada de Jacó ali durou 20 anos, até que um dia chamou suas mulheres e seus filhos para voltar, fugindo mais uma vez, agora de Labão.

Porém, embora Jacó não fosse um exemplo de filho e irmão, Deus abominava o tratamento que lhe era oferecido por Labão e lhe apareceu em sonho lhe dizendo para voltar para sua terra.

Nós carregamos conosco um senso de justiça. Ao vermos uma pessoa passando dificuldades não é difícil pensarmos: “O que será que ele fez para merecer isso?” Provavelmente, se estivéssemos naquele contexto e conhecendo a história de Jacó, diríamos que ele estava colhendo o que havia plantado. Somos cruéis com os outros e melindrosos conosco.

Independente dos erros, precisamos tratar as pessoas com respeito. A situação de servidão já foi vencida em nossa sociedade através das Leis e Convenção dos Direitos Humanos. Não podemos aproveitar de nenhuma situação de miséria ou de dificuldades que alguém esteja vivendo – seja qual for o motivo – para executar um plano maligno de ganância, arrogância ou autoritarismo! Deus está vendo como tratamos as pessoas que trabalham conosco, que servem conosco, que estão à disposição para nos ajudar! Delas também precisam ser o salário, a recompensa digna e a honra!

2. Conquista de Jacó ou posse de Labão?

No capítulo 31, versículos 1 e 2, está escrito:

Logo, porém, Jacó percebeu que os filhos de Labão estavam reclamando dele: “Jacó roubou tudo que era de nosso pai! À custa de nosso pai, adquiriu toda a sua riqueza!”. Jacó também começou a notar uma mudança na atitude de Labão para com ele.

Genesis 31.1,2

Labão e seus filhos não aceitavam o fato do Senhor abençoar Jacó! A inveja começou a crescer e Jacó estava ficando numa situação muito delicada! Deus abençoou Jacó, mas Jacó não deixou de fazer a sua parte, trabalhava dia e noite, trabalhou feito um escravo, mas para pessoas mesquinhas e arrogantes isso nunca foi o suficiente!

Conheço pessoas assim. Infelizmente, não reconhecem o que os outros fazem! Acham que o mundo gira em torno do seu umbigo! Pessoas más que costumam “jogar na cara” cada conquista dos outros: “só conseguiu porque eu ajudei! Você não tinha nada! Chegou aqui com a mão na frente e outra atrás!” Não reconhecem o esforço, o trabalho, o empenho e a dedicação! É muito triste isso! Ninguém gosta de ver seu esforço reduzido a uma servidão, a uma benevolência! Ninguém gosta de ser tratado como escravo: Não merecer nada, não fazer nada que valha a pena e ser digno de dó e de pena.

Labão chegou a dizer que as filhas que Jacó havia comprado o direito a tê-las, e os netos- filhos de Jacó eram seus! Chegou a dizer que Jacó nada tinha, mais uma vez: “Como ousou me enganar e levar minhas filhas embora, como se fossem prisioneiras de guerra?” (31.26). Jacó, mesmo ao obedecer ao Senhor e a sair de volta para sua terra com tudo o que havia conquistado, foi chamado de tolo e de ladrão! Nem ali, naquela situação de confronto seu sogro conseguiu ver em Jacó o homem que realmente era: trabalhador e honesto!

Não devemos esperar atitudes de gratidão por quem acha que tudo dele depende! Não devemos esperar elogios de quem acha que não fizemos o que deveríamos, de quem considera que nunca atingimos suas expectativas. Vamos passar por muitos momentos assim de desvalorização, de humilhação, de desrespeito e de ingratidão.

Labão será sempre Labão, mas Jacó ao se encontrar com Deus se tornará Israel!

3. O aviso de Deus

O Senhor apareceu em sonho em diversas vezes na vida de Jacó! Era uma forma de falar com ele. Jacó teve sua vida orientada pelos sonhos que tinha com Deus, mas Labão também teve uma experiência dessa acerca de Jacó: Deus lhe apareceu e lhe disse: Deixe Jacó em paz! (Gen. 31.24)

O Onisciência de Deus continua operante desde os tempos remotos até o nosso tempo e o porvir (Tem, aqui no blog RdG (Repingos da Graça) outras meditações que nos mostram isso – Outro caminho). Deus viu Labão, Deus sabia quem Jacó era, e Deus alertou Labão para não fazer mal a Jacó!

Deus tinha um plano na vida e na história de Jacó. Jacó se tornaria um Patriarca, um homem transformado por um Encontro com Deus, enquanto Labão levou a sua vida em torno de seus bens e prestigio.

Deus cuidava de Jacó enquanto este trabalhava em dias de calor escaldante e em noites frias e insones (Cap. 31.40). Deus sabia de todo o empenho de Jacó e lhe abençoou com as mulheres, com os filhos, com os rebanhos e com a sua mudança de vida!

Havia na frente um rio chamado Jaboque, sua articulação da coxa seria deslocada, e sua história de vida transformada. Mas, mesmo antes de tudo isso acontecer, Deus acompanhava a vida de Jacó e lhe trazia a vitória em cada esforço empreendido por ele.

Isso nos lembra a misericórdia de Deus. Deus está vendo que ainda tem muita coisa para ser transformada em nossa vida: o nome, a história, e o relacionamento familiar. Mas, Deus não desiste de nós e nos acompanha, e se preciso for Ele dá sonhos a Labão e nos protege de sua ira, de sua ignorância e de sua ganância ilimitada.

Deus conhece nossas lutas, nossos sonhos, Deus sabe o nosso passado, mas Deus tem um compromisso com a Sua Palavra e com a Sua Promessa – Elas se cumprirão – independente de nós! Isso é graça, favor imerecido! Isso é amor e cuidado.

Conclusão

Em diversas ocasiões da minha vida eu tive um Labão. Labão significa a prisão, a servidão de sistemas ou pessoas que querem que desistamos dos nossos sonhos, que abramos mão do rebanho, da família e que entramos numa tristeza sem fim. Mas, Deus está cuidando de nós! E a Sua promessa será cumprida na nossa vida. Só Deus para parar Labão. Labão é insolente, arrogante e explorador, mas em Deus e em suas promessas está a nossa libertação! Sairemos dessa situação melhores do que entramos: não por causa de Labão e nem somente de nossos esforços, mas de Deus que nos dá a vitória, nos dá família e filhos e prospera a nossa renda! Chegaremos em Jaboque e teremos nossa história transformada. Labão ficará para trás e seguirá com seu modo de vida em aquisição de riquezas. Labão está preocupado com este mundo, mas Deus tem um legado para Jacó, que se chamará Israel!

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Lidia Loback
25/05/2019

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