O tempo tedioso e a alma sossegada

Uma das coisas evidenciadas no período da pandemia é a sensação de tédio. Devido aos constantes apelos para que fiquemos em casa, durante um ano acabam-se os assuntos, as brincadeiras, as receitas e o interesse também.

Eu mesma, no início da pandemia, quis montar um puzzle 1000 peças, como não havia espaço na mesa, desisti. Depois fiz pão- uma ação inédita! Cozinhei tanto que cansei. Escrevi, rascunhei e pintei.

Pulei de série em série. Cansei também. Daí vem uma coisa que mexe conosco: o ócio. Terrível ócio. A gente dorme, levanta, e continua sem passear, visitar parentes ou sair de férias.

Administrar a modernidade sem novidades é difícil. O tempo que levávamos para atividades domésticas não são os mesmos. A lavadora, o aspirador, o micro-ondas deu-nos mais tempo para gastarmos com a chamada vida social que, no momento, não pode ser vivida. O que fazemos então?

No Salmo 131, Davi diz: “Na verdade, acalmo e sossego minha alma; como uma criança desmamada nos braços da mãe, assim é minha alma, como essa criança”.

A criança, nos braços de sua mãe, não quer guerra com ninguém. Ela está alimentada, e isso lhe basta! Ela dorme em segurança, sem se preocupar com o momento da nova mamada! Ela está calma e tranquila.

Que abismo há entre nossa agitação com a paz de uma criança dormindo? Que distância entre a ansiedade e a calmaria? Que mal nos assola quando nossos planos precisam ser sempre adiados, e nossos antigos hábitos não podem ser realizados?

Eu diria que é um mal chamado “controle desativado”- Não temos o controle de nada, não sabemos o que faremos amanhã e precisamos nos acostumar com rotinas repetitivas.

Encontrar sentido nas coisas mais básicas da vida, aprender a gargalhar com as mesmas pessoas, e enfrentar o “tédio” sem sentir inúteis ou enfadonhos demais é o desafio do momento.

O exemplo da criança, dado por Davi, não estava nas redes sociais. Não era um best seller, não estava no Spotify. Era um exemplo simples, comum e rotineiro.

Bebês, até hoje dormem nos braços da mãe, e, estando alimentado e tendo suas necessidades naturais supridas – está tudo bem! “Dorme largado” tendo toda sua musculatura relaxada sem nenhuma preocupação.

Acredito ser possível estar bem. Com o simples, o básico, sem arrogância e ambição, como descreve o verso 1 do referido Salmo.

A nossa alma precisa ser alinhada a seguir o exemplo do bebê. Aconchego, afeto, um colo quentinho e alimentação adequada. Nada mais. E, a família, deve suprir essas carências, aliado ao cuidado e amor terno de Deus! Que essa alma angustiada, tediosa, aflita e ansiosa encontre descanso, suavidade e alegria no simples e cotidiano, e que se entregue totalmente no Amor e Provisão do Pai.

Retorne ao seu descanso, ó minha alma, porque o Senhor tem sido bom para você!

Salmos 116:7

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