Bom pai!?

O prejuizo causado pela omissão ou falta do PAI.

Lembranças de meu pai

Não posso dizer que tive uma infância com muitos afagos do meu pai. Ele sempre foi um homem forte, trabalhador, mas não dado a carinhos ou palavras de incentivo.

Talvez a sua linguagem de amor fosse “atos de serviço”. Ele mesmo preparava pela madrugada sua marmita, e frequentemente era surpreendido pelos meus irmãos mais velhos “roubando” as batatas fritas que estavam sendo preparadas como “mistura”. Isso não lhe causava raiva. Ao contrário, era capaz de ir trabalhar somente com o arroz e feijão para ver os filhos felizes.

O tempo foi passando e um dia ele foi admitido em uma empresa que fornecia alimentação. Eu já era grandinha, e esperava os “restos” de sua marmita no fim do dia. Era minha alegria receber meu pai, e começava então a abrir sua mochila para ver se havia sobrado alguma coisa diferente. Frequentemente, meu pai deixava a “carne” para essa menina curiosa e desejosa de algo diferente.

Foto atual do meu pai sorrindo!

A imagem que eu tenho dele, (ele aos 76 anos continua a conservar), é a do trabalho. Os seus ofícios foram dos mais duros e difíceis para manter a alimentação de uma família pobre. Não pagávamos o aluguel porque vivíamos nos fundos de uma igreja, numa casa cedida para uma família que em contrapartida zelava do templo e do quintal. Mas, mesmo assim, o salário servia apenas para a alimentação e a manutenção da casa.

Hoje posso dizer que tenho um bom pai. Um homem honrado que apesar de sua simplicidade, nunca abdicou do árduo trabalho e sempre fez o melhor para seus filhos. Não me é difícil entender Deus como Pai, a partir do exemplo do meu pai, mas é claro que o Deus Pai não tem falhas e é também carinhoso e sabe dar um colo como ninguém.

Papai!? Omissão, agressão, mágoa…

Jesus, ensinando sobre a perseverança na oração diz:

Qual de vocês, se seu filho pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir peixe, lhe dará uma cobra?  Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!  (Mt. 7. 9-11)

Ao longo da minha experiência, conheci pais que daria pedra ao invés do pão, e que daria cobra ao invés de peixe. Conheci pai que assassinou seu filho de 3 anos, por ter mexido numa gaveta, tive o desprazer de conhecer pai que violentou seus filhos e que deixou marcas de muitas machucaduras naqueles que dele foi gerado.

Vivemos aqueles tempos já descritos por Jesus “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará” (Mt. 24.12). A iniquidade anda a níveis alarmantes, e o pai que era para proteger se torna um verdadeiro monstro.

O IBGE afirma que em 10 anos, o Brasil ganhou 1,1 milhão de famílias compostas por mães solteiras (dados de 2017). O abandono paterno afeta significativamente as famílias brasileiras. Há pais que, a partir do divórcio, “esquecem-se” dos filhos nascidos. Portanto, o nome na Certidão de Nascimento não é algo que faça toda diferença.

Deus, o Pai perfeito e bom

Não posso imaginar a dificuldade que esses filhos tem em ter Deus como um Bom Pai! É muito fácil transferir nossas dificuldades terrenas, com o nosso pai, para o Pai do Céu. Acredito ser necessário um banho do Amor Divino, uma fé capaz de transpor muralhas (em face do abandono, da morte, da violência e agressividade por parte do pai)!

Na realidade, Deus é um Bom Pai, cabe a nós crer nisso! E, às vezes temos que pedir como o pai do menino possuído por demônios que exclamou: “ajuda-me a vencer a minha incredulidade!” Marcos 9.24.

Talvez, a necessidade de um pai, não seja comer os restos da marmita, mas seja a aceitação como filho, o reconhecimento da paternidade, a parceria no futebol ou no vídeo game, ou até mesmo, na imposição do limite. Mas, temos uma boa notícia, o Bom Pai Celestial é aquele que nos coloca limite, reconhece-nos como filhos adotivos, através de Cristo, e está conosco todos os dias até a consumação dos séculos!

O Bom Pai não nos abandona! Nos perdoa! Nos ajuda em nossas fraquezas! E, não desiste de nós! Nunca, jamais! Ele nos consola através do seu Espírito e um dia nos receberá em Sua casa! Podemos conversar com ele, ouvi-lo e desfrutar de Sua companhia! Não tem filhos preferidos e nos ama como somos!

Cabe ainda compreender que parecemos com Ele, fomos criados à Sua imagem e semelhança, portanto, somos parecidos com o nosso Pai, e podemos também, ter as Suas qualidades em nós, como: o Amor, a Fidelidade, Paciência, Bondade, Misericórdia… A partir do tempo que passamos com Ele e do nosso desejo em reproduzir, com Sua graça sobre nós.

Poesia e Música

Tu és um Bom Pai, é quem tu és

Sou amado por ti, é quem eu sou!

(Canção em original de Chris Tomlin)

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